quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Emocionalmente falando...


Hoje, 29/08, faz exatamente dois meses da minha primeira sessão de quimioterapia. Dois meses sem trabalhar, dois meses evitando pegar sol, dois meses estranhos, digamos até confusos. Nesses dois meses a vida foi me levando e fui aprendendo que eu não tenho controle de absolutamente nada neste mundo.

Antes do diagnóstico da doença, sempre planejei cada passo do meu dia, do meu mês, da minha vida. Inconscientemente achava que podia controlar as coisas, tinha dado certo até então. Poucas coisas saíram do meu controle. As viagens deram certo, a vida financeira, o emprego melhor... E eu já havia planejado tanta coisa pro inicio deste segundo semestre do ano! Férias, curso, hidroginástica e de repente tudo muda, é tudo novo. Tive que aprender sobre uma doença que eu só tinha ouvido falar.

Emocionalmente, esses dois meses de mudança e de falta de controle não foram os mais difíceis, o difícil veio antes. Duas coisas em especial foram complicadas: contar ao meu pai que estava doente e deixar o trabalho.

Engraçado que não me abalei tanto quando recebi a biopsia confirmando o Linfoma de Hodgkin, derramei algumas lágrimas mas, não me desesperei, fui confiante, encarei o tratamento e busquei ser o mais positiva e otimista possível (também não vivo no mundo de Poliana, rs). Falar sobre a doença também não me incomodou. Fui contando aos mais próximos, e desde o começo contei tudo a minha mãe. Sabia que ela tem uma fé sem tamanho e que acreditaria em Deus  e ela não desmoronaria. Já o meu pai...

Ele é um ser ansioso e preocupado, feito eu. Eu achava que contando sobre a doença eu o faria sofrer. E não queria vê-lo triste, preocupado comigo. Estar doente é ruim, com certeza, mas ver alguém que você ama sofrendo por você, acho que é pior ainda. Tinha medo dele passar mal com a notícia, sei lá, acho que eu o considerava frágil. Não tive coragem de contar, pedi para que minha mãe contasse na semana da primeira sessão, e ele me surpreendeu. No inicio ficou preocupado, dava pra perceber, mas aos poucos ele foi ficando mais tranquilo. E meu pai, que nunca foi muito religioso, estava fazendo uma novena por mim, por  iniciativa própria. 

Agora o trabalho... eu nunca tinha ficado mais que os 30 dias de férias sem trabalhar desde os 18 anos. Atualmente, trabalho no mesmo lugar há mais de dois anos. E antes de sair de licença médica, arrumei minha mesa e gavetas, dei fim nas coisas que adiava, deixei tudo arrumado. Levei uns dois dias fazendo isso, e como foi doloroso. Não saber quando eu vou voltar ao trabalho, saber que a vida de todo mundo vai continuar como sempre foi, é só você que não vai estar mais ali. Hoje, acho que mais que deixar o trabalho, a tristeza veio de quebrar minha rotina, quebrar minha vida mesmo. Arrumando tudo, eu estava me preparando para uma nova fase desconhecida, cheia de limitações.

Mas eu não demorei muito a me acostumar com a nova fase. Nenhum dia acordei pensando "Ai que vontade de ir trabalhar...", rs. Quero que tudo volte ao normal, com toda certeza, mas sei que ficar de "resguardo" é muito melhor pra mim e pro tratamento. E a tristeza de deixar o trabalho passou logo.


É isso então, emocionalmente falando, rs.






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